E o que eu faço com as palavras?

O que faço com o desejo incontrolável de escrevê-las, de dizê-las?

E o que eu faço com as inspirações imprevisíveis?

Com a busca incansável por respostas, com o não-contentamento que permanece?

O que eu faço com as indagações, suposições, com os pensamentos sempre surgindo, descompassados e ansiosos em serem perpetuados?

O que eu faço com a necessidade intermitente de saber, e tornar a saber depois que já se sabe?

O que eu faço com a busca pelo eu, pelo eu do outro, e pela "re-busca" e novas buscas do meu ser?

Com o desejo de estar sempre buscando o inatingível?

O que eu faço com o fato de me tornar cada vez mais introspectiva, vendo que o universo lá fora é bem menor do que o universo interior que cada um carrega?

E o quanto é gostoso e viciante descobrir que não se pode chegar ao fim?

O que faço com as palavras... todas elas que surgem do nada, e do nada se vão, para depois retornar com mais força?

É assim... dias de silêncio, dias de vazio, dias de branco. Dias e dias, dias de buscas, dias de perguntas, dias de respostas, dias de perguntas com respostas, dias de respostas sem perguntas.

O que eu faço com as palavras?

Eu as deixo livres. Elas são o que são, e eu sou apenas instrumento...

apenas mais um instrumento, à espera da próxima reflexão.

Do próximo rascunho, do próximo eco, da próxima inquirição.

Lilian Seiko Kato
Enviado por Lilian Seiko Kato em 02/12/2015
Reeditado em 02/12/2015
Código do texto: T5467928
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