O que eu sempre vi
Eu o vi quase chorar,
Eu o vi teimar a lacrimejar,
Mas nunca o vi conseguir o que estava a desejar.
Eu o vi crescer,
Eu o vi aprendendo a ver
Que tudo na vida tem algo a ganhar e perder.
E, ah, céus, eu nunca pude fazê-lo compreender a gravidade do mundo,
Pois sempre estava ocupado demais pensando no futuro.
E acabei esquecendo que aquele pobre infeliz deixou de aprender.
Eu o vi berrar,
Eu o vi protestar,
Sob os céus da realidade que sempre estavam a lhe machucar.
Eu o vi se contorcer,
Eu o vi clamando para ter
Pelo menos um sagrado dia que não o faria sofrer.
E, ah, céus, ele nunca aprendeu que o pior erro que alguém comete,
E que no final sempre se esquece
É que nessas areias movediças nunca deve tanto se mover.
E clamo, aos berros, que ele ouça meu humilde sermão,
Pois da mesma natureza, somos irmãos,
Que ele aprenda a enxergar e a perceber:
Que tudo na vida tem algo a ganhar e a perder!
Deixe o drama,
Por que tanto se engana?
Quando toda a positividade se espalha na sua visão.
Por que reclama?
Por que não anda?
É só querer abrir os olhos quando nos cegamos pela Ilusão.
E, ah, céus, quem me garantirá de que você está realmente aprendendo
Quando não estou ao seu lado, vendo
Quando a sua lógica é dominada pela sua preocupação?
E eu o vi crescer,
E pouco a pouco, aprender.
Mas nunca via que todo pássaro um destino precisava ter.
E ele nem mesmo sabia voar,
E nem por um momento se pôs a pensar
Qual seria a próxima coisa que ele deveria perder.
Porque tudo nunca dorme no delicioso berço do infinito,
Onde todos são felizes sem tempo definido.
Tudo um final precisava ter.
E era exatamente isso que eu queria fazê-lo entender.
Eu o vi se cegar,
Eu o vi sempre se matar,
Desejando sempre que a vida fosse o que ele adivinhou.
Mas nunca, realmente, pensou
Que todos os fardos que então carregou
Fora ele mesmo quem os encomendou.
E, ah, céus, se ele pelo menos tentasse...
... Se ele pelo menos pensasse
Que sempre deverá cavar um túmulo para tudo aquilo que amou.