Placebo

Vi a deslealdade forjando insignificância,

Tecendo fios da mágoa, vi a ingenuidade;

Os diamantes pisoteados pela ignorância,

colheita amarga do que semeou maldade...

Notei que são mui diferentes os motores,

que se escondem atrás, do surrado, “i love”

uns poucos ainda são movidos por valores,

outros, tantos, é o vil interesse, que move...

Mas, ai de quem diga que, valor é rarefeito,

depressa, contas a tantos terá que prestar;

uns que gostam das fáceis frases de efeito,

cujo único efeito em si, é esse fútil gostar...

Devo ser só mais um nesse hospício mísero,

Que separa dos demais, apenas, por vírgula;

Geração lustrosa com discurso de um Cícero,

Que no pessoal, vive como um reles Calígula...

Urge, então, que eu repense os meus motivos,

Qual a palheta que faz vibrar as minhas cordas;

Pois, como o cisco e grãos, separamos no crivo,

Valores distinguem virtuosos, das meras hordas...

Assim, a qualidade é que deve avaliar as montas,

Quantidade é volume que, ao tempo, desaparece;

Quem só se ocupa, com méritos de faz de contas,

Deus, por Sua vez, fará de contas que desconhece