O Brinde ao Destino
Colher a messe no quanto ainda há de primavera
Eis a missão única importante do tempo,
Arrebatar-se inteiro pela feminil beleza
Sem outra lei senão a do precioso contentamento.
Dar com uma mão e colher com a outra
Ousado em ambas, alegremente devotado vivente,
Expulsar o medo nos ditosos beijos,
Ao miserável pudor declarar guerra.
Livre de ti, oh deusa atroz, necessidade!
Dono do próprio espírito,poeta fecundo,
Liberal dizendo sim as prazerosas liberdades
Que compõe em rosa e azul o tecido do mundo.
O quanto alcanças gozar é a medida de tudo,
O amor tão fundamental quanto a comida,
È preciso sobrepujar o ódio absurdo
A te erigir um muro ante a arca da vida.
Oh beleza ,grande atrativo da beleza,
Glauco olhar, porta aberta a cantada,
A procissão de musas de estilos variados
Exalta de poesia os dias incompletos.
Mergulhar em ondas de harmonias peregrinas
Beber o alento dos lábios da vida
Tecer a poesia com laureadas boninas
Na quadra venturosa da musa atrevida.
Singrar no oceano dos prazeres eloquentes
Embebedar-se de ditosos enamoramentos
Sentir dos Zéfiros o claro arrebatamento
Fazer a vida ser feliz, plena de sentido.
Quem gozos tais provou não viveu em vão
A cota a mim devida de amores reivindico
Liberal a meu favor, repleno de emoção
De arrebatamentos e sensibilidades rico.
Ser feliz no amor, homem amoroso e belo,
Depois pode-se morrer de dor e de tédio
Carregando na alma gratissimas lembranças
Alentado de doçura,mulher, por teu intermédio.