Primavera com Muros Altos

Amar a mulher até não mais poder

Tentar tudo quanto é alcançável

Eis o que me é na vida desejável

Atravessado da urna do padecer.

Amar a mulher e ser casado com a musa

Suportar o limite e expandi-lo adrede

Aflorar no horizonte estreito até o linde

Do sentido real da fictícia existência.

O homem esta só no meio do deserto

E seu desejo ríspido lhe crispa as mãos.

O desencontro,poderoso,cruel, sem compaixão

Fustiga-o na intenção de iludi-lo.

A saga do amor encerrado em seu peito

É seu maior tesouro, que o ódio persegue,

Saco furado, hidra de lerna, ódio eterno,

Amor imutável busca seguir seu curso.

Predestinado ao amor em meio as vacas,

Vacao a um tempo amoroso e esquivo,

Selvagem condenado a dor do proprio amor

Vitima do pouco furor de ódio que possui.

Oh magnífica puta!Gozar-vos um momento!

Amar a gloria fulgente de ondeantes curvas

Tolerar a dor de sermos tão prostituidos

Na dor egoísta de não ser ter muito ouro.

E caminhar sobre a terra tolerando a verdade

De que o melhor dos mundos nos é negado

E só nos resta a orgia e o poema do ideal

Duplo berço balsamo sob o caos do desamor.

Suavemente embala nossa fé a brisa

E o mundo negocia cada bocado.

E estamos s[os em nossa natureza

De ave sedenta por ninho e ar.

O mundo nos regateia o concerto de harmonias

O distorcido som da moral nos envilece

O julgamento vão a espedaçar os dias

E o mortal só no desespero e na prece.

Quando poderei ousar colher a nobre rosa?

Que dia verá a morte do ódio acerbo?

Desabafos breves de duradouro verbo

Não me valerão no gozo da harmonia?

Gato ferido, palpitando em plenas feridas,

busco o prazer da realização artistica,

Palpito na ânsia de chama do momento

E duramente aceito um tanto de castidade.

Ao prazer de gozar meus míseros trocados,

Ao prazer falso mas liberal das putas,

Aos prazeres possíveis e mais nada,

Aos sonhos impossíveis da extinta primavera