Efemeridade
De humor sádico e carbonado,
Extermina cálidos amores.
Dizem que cura as dores
De um parto mal acabado.
Dos reis, a mais temida praga,
Das fortunas, a traça infame,
Aparta de ti a quem te ame
Oh velho nefasto que tudo traga.
Guardo no peito pungente lembrança,
Morta-viva e necrosa esperança
Daquilo que já não se pode pagar.
Quem me dera poder levar
Aquilo que em vida ostentei.
Apenas com o frio e fino verme,
minhas unhas e cabelos fiquei.
E de herdade a coletiva febre,
A fiel madrasta, a morte.