Ódio
É um tanto esquisito.
Força-me, se apodera.
É um conflito infinito
Que nos mata, que nos enterra.
Que me tira a razão quando só me afasto um pouco dela.
Que rói qualquer sensação de ter um novo encontro com ela.
Gentilmente, amigável, com um cardápio de conversas belas.
Com o tempo, inimaginável, nos encontra em infinitas guerras.
É também um Deus estranho, aclamado pelos fracos.
Às vezes, um demônio, acariciando nossos fracassos.
Uma entidade muda, mas com nossa própria voz.
Que guiamos e criamos, que nem serve a nenhum de nós.
Que nos manipula e nos revela,
Mas que nos mata e nos enterra,
Que só nos presenteia seu verdadeiro rosto
No fim do teatro de qualquer guerra.
Que, por fim, de mãos dadas com a tristeza,
Nos abraça, nos zela.
Sorri com falsidade, mas com delicadeza,
Que nos mata e nos enterra.