Tropeços

Vento suave que soprou pela janela,

Suave era, mas, não era d’uma porta;

O desejo insano usa ver o que anela,

E não obstante, que a visão seja bela,

Às vezes faz pose de reta a linha torta...

A carência usa patrocinar certo, sim,

Como se circunstancial, fosse perene;

se há pra hoje, só gato da caça enfim,

sonha como se bichano fosse mastim,

até que o fado pegue peças e ordene...

Alguns dias de espera, a vista clareia,

o espanador do tempo remove o pó;

brasa dormida reaviva nos incendeia,

a luz que dormia na apagada candeia,

acordada mostra tropeços de um só...

Eis os ciscos rebuscados para o ninho,

O viés terno abranda ao coração duro;

Repensa tropeços que quando sozinho,

Não, por que havia pedras no caminho,

foi, porque desamado andou no escuro...