Agnóstico

Novo dia chegando, livre, impávido,

Chama pra arena o lutador intrépido;

a fazer melhor que o ontem, insípido,

desterrar o seu mau humor inóspito,

pois, faz, o viver, ficar mais estúpido...

Mas, o dia é inócuo, só branca página,

escolher requer mais que a sua égide,

e nem sempre fazemos a mais hígida,

tampouco, a que antes soaria lógica,

pode acabar opaca a que seria fúlgida...

Porém, na esperança, com sua mágica,

A promessa de findar sina hemiplégica;

igual a Édipo, ante a charada esfíngica,

nos desafia pra um exercício de lógica,

a, moldar ferros, como em siderúrgica...

Às vezes somos moldados pelo hábito,

E inda deixamos com destino, o débito,

Mas agente sou eu, isso me é límpido,

E omissão é como ensejar certo óbito,

Sonegar os passos, a jazer de cúbito...

Pode o fado fazer, um câmbio, rápido,

Mudar a sorte adormecida meio lépido,

não há sinais, seu cenho segue ríspido,

talvez, jogue, com um trunfo agnóstico,

pelo prazer sádico de cambiar de súbito...