Vi nas palavras velhas
Vi nas palavras velhas
um rosto de silêncio;
viviam na sombra
formando o fundo escuro
de puros rios de água
em raízes de ânsias por nascerem
e serem árvore
Brotaram dela estrelas cadentes...
os seus ramos ergueram-se
acima do caule
expandiram-se
na longitude do corpo
como espaço transfigurado,
romperam do vazio
onde o nada existe entre a luz e a sombra;
feriram os ares
e o seu corpo fez-se fogo e sol
na infinita memória
do tempo
Firmou-se o voo da ave
sob esta concavidade
enorme,
eternamente azul!
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Alvaro Giesta in Um Arbusto no Olhar (Calçada das Letras, 2014)