O INFINITO E O COTIDIANO
Doze signos, doze profetas;
Simbolos que Isis veta
Ao conhecimento que ensejo.
Mas à margem dessa meta
Há uma dúzia de desejos,
Cuja expectativa acarreta
Algumas desilusões.
Quantos sonhos que almejo
Vão fluindo aos borbotões,
E em raras ocasiões
A sorte ensaia um gracejo.
Entre diversos senões
Brota um talvez, num lampejo
De lucidez, em clarões,
E estampidos de beijos.
Porém, os vis safanões,
Que abalam os corações,
Vão surgindo em cortejo.
E voltam as palpitações,
Desânimo, tédio, bocejo.
Quão duras são as lições,
Sem muitas explicações,
Que nos impõem condições
Pra aguentar o sacolejo.
Em meio às obrigações,
Faço versos e canções
Sem dar vazas a meu pejo.
Alteram-se as emoções,
Alteram-se as estações,
Como doce, como queijo,
Chá de hortelã ou poejo,
Pra acalmar as contrações
De minhas vacilações.
Simples sinalizações
Do que sinto, mas não vejo.
E apelo às orações,
Que me provocam ilações,
Metafísicas unções,
Que vêm, em ondulções,
E me trazem paz de sobejo.