O INFINITO E O COTIDIANO

Doze signos, doze profetas;

Simbolos que Isis veta

Ao conhecimento que ensejo.

Mas à margem dessa meta

Há uma dúzia de desejos,

Cuja expectativa acarreta

Algumas desilusões.

Quantos sonhos que almejo

Vão fluindo aos borbotões,

E em raras ocasiões

A sorte ensaia um gracejo.

Entre diversos senões

Brota um talvez, num lampejo

De lucidez, em clarões,

E estampidos de beijos.

Porém, os vis safanões,

Que abalam os corações,

Vão surgindo em cortejo.

E voltam as palpitações,

Desânimo, tédio, bocejo.

Quão duras são as lições,

Sem muitas explicações,

Que nos impõem condições

Pra aguentar o sacolejo.

Em meio às obrigações,

Faço versos e canções

Sem dar vazas a meu pejo.

Alteram-se as emoções,

Alteram-se as estações,

Como doce, como queijo,

Chá de hortelã ou poejo,

Pra acalmar as contrações

De minhas vacilações.

Simples sinalizações

Do que sinto, mas não vejo.

E apelo às orações,

Que me provocam ilações,

Metafísicas unções,

Que vêm, em ondulções,

E me trazem paz de sobejo.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 01/03/2016
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