Um brinde a antítese de uma metamorfose ambulante
Domingo à noite.
Uma taça com vinho.
Ao fundo o som das gotas da chuva tocando a superfície ecoa suavemente para dentro do recinto que estou.
Cá estou a pensar o que se passa lá fora, aqui, dentro dos meus eus.
Adjacente a mim vejo livros, objetos necessários, outros que às vezes preciso, outros ainda que estão apenas ocupando espaço e que a mim nada tem a acrescentar; observo coisas que não me pertencem, que foram deixadas de lado como se deixa um amor, que é vil, que não merece mais apreço.
Diante de mim fito imagens, momentos, lembranças, força, amor, incentivo, humildade, passado, presente, futuro, agora, sempre.
Olho para as quatro faces de um quadrado e vejo coisas jogadas em um canto, sentimentos em outro, sensações no próximo, e por fim incertezas e vislumbramentos.
Dentro dessa figura geométrica paira a bagunça! Bagunça essa que sou eu, que até o momento não tem solução, quiçá a minha bagunça seja minha organização.
Estou e sou incoerência e organização.
Um brinde a antítese de uma metamorfose ambulante.