Maternal

Como frescor do vento anunciando a chuva,

a esperança acaricia a alma que a hospeda;

Ensina cheirar vinho dormido dentro da uva,

e antever o comboio além, depois da curva,

Muitas vezes em amarras falsas à dor veda...

Resulta medicinal ainda quando é uma fuga,

O que se chega a ela, vê menos peso na lida;

Nem sempre, o esperado ao devir, conjuga,

Protege rígida, como o casco faz à tartaruga,

Bota um, ou, outro ovo, pra preservar a vida...

Mas, é ruim quando os novos dias são velhos,

E anseio arrosta esperança com dedo na cara;

Acusando-a de ter ensinado falsos conselhos,

Esperança é verde, medo tem olhos vermelhos,

Depois que esse discursa, ela, de novo, ampara...

Maternal perdoa os arroubos, fazendo carícias,

Ignorando precipitação, afoita, em seu voo solo;

Mesmo o varão valente de guerras idas, milícias,

Que conhece as dores reais e difere das fictícias,

Carrega a sua alma criança, e necessita de colo...