CURTIDOR DE PAPOS BANAIS

Sou um curtidor de papos banais,

E não me ligo em qualquer coisa certa demais.

Bebo, fumo, como demais,

E só me alimento de comerciais.

Um cheese salada e um guaraná,

Uma caipira e um vatapá.

Com o uísque, na boate,

Eu tomo doses de enfarte,

Mastigo a morte com tomate.

Essa tal fome, da qual ouço um ti-ti-ti,

E que não deixa muita gente dormir,

Nunca transou comigo e não tô nem aí.

Eu só quero é me divertir.

Muito sorvete pra não esquentar a cuca,

Muito chocolate pra pintar o mundo,

Muito doce, muita festa,

Enquanto os pobres desembestam

Em sua fúria por querer comer.

Eu perco meu tempo com iniquidades,

Consumo veneno, sem necessidade,

Persigo, ingênuo, a publicidade,

Alheio à triste e obscura verdade.

Há muitos famintos, é a realidade;

Que comem as sobras de nossas beldades.

Por que não sentimos o apelo da fraternidade?

A nossa indiferença é a grande calamidade.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 03/04/2016
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