Lidação

(“Cante lá que eu canto cá...”)

Arde o agreste do meu sofrer

Brota da terra a inspiração crua

Convidando a germinar poemas;

Delírio do meu coito incestuoso:

Enlace com a poesia prostituída!

Fatídicos donos do quarto poder

Germinem minha criação nua

Habitem-na nas páginas dos jornais;

Invólucro da gestação preconceituosa:

Jogatina com a palavra corrompida!

Leitores críticos do seu bem querer

Maculem-me com a norma sua,

Normatizada pelas leis dos doutores;

Orgulho da contração pecaminosa:

Postergando a poesia desmentida!

Querubins sensores do livre escrever

Repudiem minha poesia e não a encrua

Salvá-la-ei das idolatrias dos fardões sem fins;

Temores contra páginas indecorosas:

Ultraje à poesia incompreendida!

Vociferem contra minha inspiração

Xifopagia da minha alma com livros

Zoeiras que acordam minha criação.