Ciladas

“...cada um tem sua vaidade, e a vaidade de cada um é o seu esquecimento de que há outros com alma igual.” (Fernando Pessoa)

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Dê-me a diferença inconsútil

Daquilo que tu mostras saber

Ao lado das vestes do que ainda irei aprender;

Sorrirão duas faces soberbas

Com máscaras de tenazes paixões:

A sua que já testemunhou os fatos,

A minha que ainda ignora os próprios atos.

Somos dualidades de egoístas opiniões!

Aprendi a me humildar ante as páginas que ensinam

E a livrar-me do aprender enraizado

Como pingente fugindo do copo transbordado;

Aprendo com o sofrimento da mente podada

Presa em corpos de vísceras iguais:

Sei que uma dor enriquece o sedentário,

E outra empobrece o proletário.

Somos egoísmos iguais no inconsciente!

Se somente almejamos mantos cifrados

Onde apenas gozam corpos privilegiados,

Seremos reféns das conquistas efêmeras usurpadas;

Nesse leito sempre haverá uma alma condenada

Refém da liberdade amordaçada:

É o ego atrelado ao belo e ao imundo,

Com falsos valores sedutores no mundo.

É a vida armando suas eternas ciladas!

Kal Angelus
Enviado por Kal Angelus em 13/06/2016
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