É A ÚLTIMA QUE MORRE...
Minha labuta não me permite
Mais conforto do que tenho
Possuo meus filhos para criar
E por eles, me empenho
Ainda pequeno, conheci a enxada
Tantos calos marcados nas mãos
Só brinquei com cavalo de palha
Minha infância morreu no sertão
Carestia sempre tive nessa vida
Meu pai nunca me ensinou a sonhar
Meus bichos morreram de sede
Mas, jamais sai pra furtar ou roubar
Meus filhos também foram sofridos
Porém, sempre os mantive na escola
Liam pra mim, depois de alguns anos
Insistiram. E resolvi aprender agora
Aprendi com os olhos em lágrimas
A escrever meu nome e os seus
Decidi tirar meus documentos
Chorei, agradecendo a Deus.