SONETO DE INTIMIDADE

Percebo-me, sem olvidar-me acanhado

Diante da chuva que sacia minha sede,

A fome em minhas entranhas mui fede

E no perfume do meu corpo sou talhado.

Corro sem compreender-me nesse móvel

Que mesmo longe de mim tanto me desafia,

É que sou talvez a doce açucena de alegoria

E de vez em quando nada corro, fico imóvel.

Sorrio em pontos extremos um longo choro

Que descontrai minha alma dum tom louro

E me confidencia: se corro ou fico, sou errado.

Porém confinado estou na tagarelice do mundo,

Enquanto as sílabas voam, sou sempre fecundo

E às vezes me perco do senso, erro o tablado!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 11/08/2016
Código do texto: T5725868
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.