QUE NADA ME DETENHA

QUE NADA ME DETENHA

Nem a calmaria das margens

Nem o conforto dessas paragens

Nem os caminhos já percorridos

Nem o medo dos dias sombrios

De que valerá o remanso

Se fruto da paralisia?

Não almejo a putrefata estagnação

Que me quer impor a covardia

Que eu tenha forças

Para me lançar no desconhecido

Livre de qualquer preconceito

Sedenta de novas experiências

Eis que a realidade que se mostra

Passa ao largo da verdade

Que só se deixa entrever

Já que nunca se revela por inteiro

Mas se nunca parece demais

É porque não se entende

Que nada é estático

Que tudo se transforma

O que é verdade hoje

Amanhã já não se sustentará

O homem que fui ontem

Com o tempo desaparecerá

Por isso não quero grilhões

Liberta sinto o refrigério

A aliviar o fogo da transformação

Sob as luzes incandescentes da depuração