ILUSÓRIA PRISÃO

As vezes a vida é um campo de concentração

Olhos na escuridão...

Para sonharmos é preciso estarmos

Com os olhos cerrados

Vagando por outros lugares

Olhos que se perdem na luz

Vagam somente pra fora

Dentro de si não moram

Namoram matérias e falsas engrenagens

Que de artérias e frutos não se arvoram

Se perdem como se as águias da cobiça

Suas pupilas devorassem

Ficam cegas e ávidas pela batuta que as rege

Embora ajam como gravidas ilusórias

Mas, sem vida sem lacunas que as preencha

Em sua pseudociese...

Tantos passos, tantos descompassos

Tantos espaços sobrando dentro da gente

O ser humano tem dúvida da vida

Por isso essa ânsia de viver inquieta

Essa loucura abstrata e complexa

Esse tentar fugir de sermos nada

Nada é absolutamente pétreo

Não há retidão que te redima

Em meio a tanta tribulação

Aladas são nossas somas que acumuladas

De nada valem se não sedadas pela ambição

E que numa esquina mais próxima

Como bêbados a deambular sem um lar

Pode ser que seja a nossa última parada...

A ponte que se nos revela a frente

É a mesma que nos deixará para trás...

Há sal demais jorrando da fonte lacrimal

A quem cabe o fardo de me ter criado

Se como cria não pedi pra te-lo crido

Pra haver de ter nascido tão mortal?

Alimentados como as reses

A deus somam-se adeuses...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 06/10/2016
Código do texto: T5782869
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