Ordem no tempo.

Intimei as roupas usadas, depressivas e amadas, apesar de tudo,

a saírem dos armários.

Vestígios de um tempo vivido muito tempo

Esquecido, enferrujado.

Itens perdidos.

Não eram mais que migalhas de vida,

Decoradas de lágrimas, de feridas incuráveis...

Histórias mal contadas e mal finalizadas.

Nada mais que papéis amarelados, desbotados.

Reunir? Já não se encaixavam as arestas,

fragmentos dispersos, sobrepostos.

Acumulados numa desordem uniforme

Na memória que teima em reviver a dor.

E agora, limpos e alvejados,

Lentemente,

Os armários iniciam a nova leva de

vividos sentimentos.

Anna del Pueblo
Enviado por Anna del Pueblo em 06/11/2016
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