Ordem no tempo.
Intimei as roupas usadas, depressivas e amadas, apesar de tudo,
a saírem dos armários.
Vestígios de um tempo vivido muito tempo
Esquecido, enferrujado.
Itens perdidos.
Não eram mais que migalhas de vida,
Decoradas de lágrimas, de feridas incuráveis...
Histórias mal contadas e mal finalizadas.
Nada mais que papéis amarelados, desbotados.
Reunir? Já não se encaixavam as arestas,
fragmentos dispersos, sobrepostos.
Acumulados numa desordem uniforme
Na memória que teima em reviver a dor.
E agora, limpos e alvejados,
Lentemente,
Os armários iniciam a nova leva de
vividos sentimentos.