Baobás
Quisera um baobá
No seu tronco oco guardar
De todos esses milênios
O que fez seu povo chorar
A dor, desdém e sofrimento
Semeados sem cabimento
Pela guerra, escravidão, injustiça
Alimentados pela cobiça!
Quisera um baobá
Ao seu povo devolver
Numa alegre e colorida ciranda
O que foram obrigados a esquecer
Seus nomes, crenças, histórias
Origens, territórios, memórias
A essência do povo africano
Extirpado por um ódio insano!
Baobá, a árvore gigante,
De tronco grosso, forte e imponente
Que espera até por dez anos
Para ter germinada sua semente
Sucumbindo à tristeza, chora
Lembrando dos que foram embora
Pudesse ele ,enterraria a ganância
Disseminava a tolerância!
Baobá, árvore da vida
Não se preocupe em preservar
O seu povo do passado
Tempo ido, já consumado
Hoje, de mãos dadas, ao seu redor
Um grande abraço se faça
Não importando sua cor
Religião, ideologia ou raça!
Quando os filhos da África
Vierem abraçar seu tronco
Conte-lhes histórias alegres
Em cantigas, versos e contos
És guardião dessa gente
Das lutas e vitórias nesse continente
E de tudo que aconteceu lá atrás
São memórias vivas, os baobás!!!
Baobá, árvore da vida,
O que te faz resistir?
A esperança de que um dia
Só o amor vamos perseguir
Que toda injúria e rancor
Irá durar menos que minha flor
Que em tempos de paz
O racismo terá ficado pra trás!
Baobá...
Sua resistência é a resistência de seu povo!
Sua grandeza é a grandeza de seu povo!
Sua sabedoria é a sabedoria de seu povo!