A justiça do condenado

O sonho perverso que menti ao te contar.

O crime gostoso que não quis cometer.

Os olhos amedrontados que não desviavam ao me fitar.

A lamparina que não quis o escuro apagar.

Minha vítima do crime conta sua versão dos fatos.

A mentira inventada que conta toda a verdade.

Olhos cegos só querem saber de boatos.

Para o vil, a mentira é a companheira do condenado.

Esse olhar que me incrimina pelo crime acidental.

Eu quis, mas não tanto... sou alguém normal.

Meu desejo, no íntimo, não era fazer o mal.

Mas silenciar meu acusador era mais que o ideal.

O que é justo é a injustiça que cai sobre o acusado.

Sem crime, com medo, arrependido do atentado.

Muito sangue inocente havia provado e derramado.

Porém, o mais quente, deixava seu estômago embrulhado.

Olhos vitimados que me fazem de agressor.

Portas de rancor que não se abrem ao amor.

Procurando por caminhos que só levam à tua (minha) dor.

Sentindo frio em um mundo que não doa mais calor.

Ka Y
Enviado por Ka Y em 09/12/2016
Código do texto: T5848786
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.