Maria da Penha (10 anos)
Ávida por amor
Cega de esperança
Entreaberta, a porta, aguarda a volta
Sem escolta, sem vergonha, sem segurança
A vida que lhe foi retirada
A juventude, a confiança
Mais uma maria extirpada na essência
Amargo silêncio
Soante o lamento
Fortuita convivência
Conivência
Cinquenta metros de distância
Remota parcimônia que traz o documento
É que quando a tormenta, no bar, se entorta
O barco, sem rumo, aporta de volta
De nada adiantou restringir-se o movimento
Maldita lei de letra morta
Aflita de pavor
Se cansa
Se protege
Se revolta
O que já foi uma feliz toada
E que não foi uma feliz lembrança
Arma
Sangue
Vingança