Dois e não três

Dois amores ficaram

Do que de tudo restou.

Em número de três...

Só gosto da folha de trevo

Que de quatro se diz dar sorte,

De três flores

Ornadas em ramalhete

Com verduras, uma ou três.

Três pés tem o banco

De onde caí

E da queda me ficou

A cicatriz no sobrolho

Marca de infância irrequieta.

Agora cravaram-se dois espinhos

Na terceira que sou eu.

Eu e eles, não somos três…

Quero arranca-los depressa

Mas os espinhos estão tão fundos

Entrelaçados pelo tempo

Que eu temo que fique lá dentro

A ponta como veneno.

Dois amores me ficaram

Do tempo que era só meu…

Eles e eu

Somos três.