Rua Netuno

Os carros piscam os olhos e passam,

A noite cai feito pluma. Leve, leve, leve

O portal da noite está à esquerda da rua transversal ao museu

A cruz ficou no Parque das Emmas.

Os pássaros da noite voam na música que se ouve do outro lado da rua,

Uma moça canta:

“ A cada dia ando mais por nuvens / a cada dia desfolho-me como árvores antigas / julhos, agostos, setembros, outubros (...) passam-se a cada dia por mim” ...

Meses sobre a cabeça pesando como pedras, mas ela canta

E passeia pelas calçadas da Rua Netuno

Não chora, apenas canta

Quantos versos à musicar

E levantam-se as asas dos anjos em coro

E ela canta mais alto ao vê-los como pássaros, simples pássaros

Cante também a canção que toca do outro lado da rua agora,

Não escreva as partituras nos muros simplesmente,

Não olhe pra moça que canta, dê a ela uma canção completa, plena, harmoniosa.

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 19/01/2017
Reeditado em 23/01/2017
Código do texto: T5886780
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