A metamorfose dos sonhos
"Eu tinha as mãos enormes".
No meu sonho,
tudo o que eu pegava
era pequeno.
Eram sonhos pequenos,
objetos pequenos,
emoções pequenas, medos pequenos.
No meu próprio sonho
eu pedi sonhos maiores.
Quando acordei, com
a Metamorfose de Kafka
sobre o meu peito,
eu olhei minhas mãos.
Achei-as pequenas, ridículas
lembrando os tentáculos de
Gregório Sansa, igualmente ridículos.
Voltei a dormir e noutro
sonho, percebi a graça
de ter as mãos pequenas:
são para colher sonhos
maiores que elas.