A metamorfose dos sonhos

"Eu tinha as mãos enormes".

No meu sonho,

tudo o que eu pegava

era pequeno.

Eram sonhos pequenos,

objetos pequenos,

emoções pequenas, medos pequenos.

No meu próprio sonho

eu pedi sonhos maiores.

Quando acordei, com

a Metamorfose de Kafka

sobre o meu peito,

eu olhei minhas mãos.

Achei-as pequenas, ridículas

lembrando os tentáculos de

Gregório Sansa, igualmente ridículos.

Voltei a dormir e noutro

sonho, percebi a graça

de ter as mãos pequenas:

são para colher sonhos

maiores que elas.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 14/03/2017
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