A Língua
Olhes dentro de ti e vejas tua falsidade
Promoves intrigas, causas brigas
A harmonia consomes.
Desnudas as ordem, envergonhas a paz
À ira, sei bem. Concedes livre ingresso
Abres as cortinas: um espetáculo indigesto.
Bate-bocas, loucuras, sabeis como detesto
Dirias sorrindo – Não sou culpada.
Mas não olhas interiormente.
Tu és felina, autêntica faca de dois gumes
Sim, o maldito mal da gente.
Pudera! Não tem ossos, causando destroços alheios.
Se revela voraz, quando o outro
Que está lá, dentro do peito
Manda-lhe palavras, através do mensageiro.
E tu falas sobre o que ele está cheio:
Sobre o ódio devorador da nação,
E esta acaba no fim, sem justificar-se o meio.