Quem sou eu?

Quem sou eu? Aonde vou? Que é a vida?

Fechado em meu palácio futurista,

A estrada afora perde-se de vista

E a minha viagem é sempre preterida.

Eu sou um louco, um Fausto, um epicurista,

A colorir de ócio as minhas horas.

Nada quero, não almejo uma conquista,

Escarneço de todas as vitórias.

Um palhaço, um bobo, um materialista,

A rir do mundo e suas vãs quimeras,

Minha alma perde-se através das eras

E o meu corpo de si mesmo dista.

Minha consciência, diz meu analista,

É dual, cheia de ocas contradições.

Mas, cá pra nós (falo com meus botõesde ),

Ele sim é o doente e eu um artista.

Um paranóico, um místico, um budista,

Ando à procura de um calmo nirvana,

Onde, longe da natureza humana,

Me eterize sem deixar uma pista.

Palhaço de circo, malabarista,

Vivo sempre em cima da corda bamba.

Minha vida pouco a pouco descamba,

E eu danço samba porque sou autista.

Talvez um mago, um cego, um ilusionista,

Eu não existo, nem você, leitor.

Sei que é difícil, mas olhe ao redor:

Nada comprova que você exista...

Nem o poema é real, foge na crista

Desta página escrita por um louco.

Veja bem, ele se apaga pouco a pouco,

Deixando um bilhete de adeus: “Hasta la vista!”

Vagner Rossi
Enviado por Vagner Rossi em 27/03/2017
Código do texto: T5953241
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