INVERNO DOS EXCLUSOS
O frio da noite escura corrói.
Os ossos ficam doloridos
Os agasalhos são poucos
Os poucos agasalhos estão sujos.
Agasalhos sujos não esquentam.
Os papelões estão velhos
Os papelões novos foram roubados.
Esse canto é pequeno para tantos.
Mas é bom ser pequeno esse canto.
Pois é nesse amontoado que me esquento.
As lâmpadas dos postes estão em meio à neblina.
A madrugada vai adiantada.
O dia logo raia e será mais um dia sem nada.
O frio nessas noites de inverno mata.
Doem os ossos e as cobertas são escassas.
Os alaridos dos carros diminuem nas noites frias.
Cães e gatos passeiam tranquilos, não sentem frio.
O vento rasteirinho varre a rua.
O ronco do vizinho dificulta meu sono.
Mas não falo nada, pois ele me deixa quentinho.
É isso aí.
Acácio Nunes