INVERNO DOS EXCLUSOS

O frio da noite escura corrói.

Os ossos ficam doloridos

Os agasalhos são poucos

Os poucos agasalhos estão sujos.

Agasalhos sujos não esquentam.

Os papelões estão velhos

Os papelões novos foram roubados.

Esse canto é pequeno para tantos.

Mas é bom ser pequeno esse canto.

Pois é nesse amontoado que me esquento.

As lâmpadas dos postes estão em meio à neblina.

A madrugada vai adiantada.

O dia logo raia e será mais um dia sem nada.

O frio nessas noites de inverno mata.

Doem os ossos e as cobertas são escassas.

Os alaridos dos carros diminuem nas noites frias.

Cães e gatos passeiam tranquilos, não sentem frio.

O vento rasteirinho varre a rua.

O ronco do vizinho dificulta meu sono.

Mas não falo nada, pois ele me deixa quentinho.

É isso aí.

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 26/05/2017
Código do texto: T6009958
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.