ESCUTOU-SE

A casa vazia enjaula o pássaro,

assim como os desejos e os medos o encurralam.

A janelinha da sua casa está em aberta, mas ele com movimentos breves e tardos fecha os olhos inconformado.

Mesmo tendo asas, não as da sua devida liberdade.

Grade aberta...

E não há pássaros para motivá-lo. Há um encadeamento no desejo do seu movimento, há um manto pesado que cai sob ele.

Pássaro que tanto voou

Pássaro que tanto pousou

Pássaro parado com seu canto clemente, desafeiçoado pela corrente do ar e até mesmo pelo sopro calmo do vento.

-PÁSSARO? ES PÁSSARO?

Assim grita a própria essência da sua essência.

- Levanta até o alto suas asas surradas e as para no ar...

As bate como nunca havia antes. Passa manso pelas grades e voa sem limites pelas nuvens.

E voou...

Era o que faltava para aquele pássaro que a si mesmo não escutava.