CIDADE MORTA

Havia uma cidade

na minha rua

havia uma cidade.

Havia uma cidade aqui

que me guardava saudável;

depois da poluição noturna

perdi minha única saudade.

Agora sou mais imprudente

me aventuro sem pudor

no desconhecido amanhã.

Aqui havia uma cidade

de cal, cimento e povo;

aqui haviam pássaros

uniformizados de azul.

Aqui, onde haviam avencas

só há morros, cinzas e caos.

Hoje não existem flores

nem galhos disfarçados

dependurados nos muros.

Só você aparece última

no meio da chuva mórbida

em meio ao caos e o cós da calça.

Você ainda será outono

quando vier a chuva

quando caírem as folhas.

Não finja que me quer

sou forte, me deixe sofrer

toda a dor do desengano

e do desespero sólido.

Onde havia uma cidade

desmerecida de ti

não haverá mais ninguém.

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 25/07/2017
Reeditado em 03/05/2023
Código do texto: T6064726
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