EMERGÊNCIA

Aguardo sentado neste banco sob o sol da tarde de uma quarta-feira...

Me sinto bem apesar de estar à espera da esposa que se encontra em atendimento médico...

Sim. Isto mesmo! Estou em um hospital. Tudo a minha volta é belo, verde, acolhedor.

Mas não há como disfarçar o horror que se esconde por trás dessas paredes brancas.

Pessoas sofrem agonizam morrem todos os dias neste lugar tão belo, tão bem cuidado, arborizado, de um paisagismo esmerado.

Pois é, hospital não é colônia de férias, não é shopping, não é parque de diversões. Hospital é lugar de socorro, de urgência, de emergência. Lugar onde vidas podem ser salvas, onde a dor pode ser amenizada, mitigada.

Os profissionais que trabalham neste lugar devem ser pessoas melhores, mais sensíveis, mais humanas.

Um homem trôpego caminha em minha direção, mochila pendurada de lado, passos dificultados pela dor da lesão e o incômodo do peso do fardo que carrega em seu corpo, em sua alma.

Neste lugar somos todos iguais.

A dor nos iguala, nos aproxima, nos fala.

Uma cadelinha linda de pelagem caramelo se aproxima de mim e me abraça, ficando de pé, como se nos conhecêssemos há muito, muito tempo.

Que encantamento!

Mágico momento!

Os animais parecem nos enxergar melhor do que as pessoas... Eles veem a nossa alma.

Ramiro Jarbas

26.07.2017