Claustro
Filho, por que abusar das coisas,
Das pessoas, dos amores, das palavras?
Se eu abusar das coisas das pessoas, dos
Amores das palavras nada terei a não ser o desprezo.
Cada coisa foi coisificada porque dela não se sabia nada
Toda pessoa só é uma pessoa de houver para ela a sua personalidade.
E os amores são reações captadas pelo nosso eu interior
E as palavras servem para dizer tudo aquilo a gente não sabe sentir.
Já viste do crepúsculo à alva o desabrochar de um botão em flor?
Isso jamais seria uma coisa, coisa é uma falta que se tem para isso.
Já ouviste o som de uma nota musical, as palavras se calam perante ela.
E um olhar! Nada é mais fascinante quando nada se quer falar, dizendo tudo.
A coisificação é um dano, um efeito colateral
Que a gente olha, rir, e se vai desprezando seu real conceito.
Tudo na vida tem uma forma; eu sou assim, ante a tudo falo,
Mas nada digo de mim mesmo, só escuto para não ser surdo.
Bebo a urina do mundo em suas manifestações obtusas na figura,
Me embriago nas enchentes dos horrores nos sentimentos dele,
E se o mundo é o homem, de multiforme conceito sou bramânico,
Em quem procuro interpretar a vida por meio da ação e reação no domínio de tudo