Passagem

Nas plataformas do bairro-dormitório

A estação só aglomera agonia

E a rotina cristaliza a letargia

De lida sem futuro promissório.

Ao toque do aviso sonoro

As portas estabelecem o conflito

Da dialética das vidas em atrito

E sem refletir, eu choro.

Já no vagão, acaba-se a adrenalina

A viagem prossegue no mesmo torpor

As ideias consomem-se a vapor

A escrita é minha anfetamina.

Ainda que as reflexões sejam dolorosas

Na indiferença me sinto solitária

E prefiro acordada sentir a mágoa

A na inércia contemplar as rosas.

Tábita
Enviado por Tábita em 06/09/2017
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6106334
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