PRIMAVERA
Eis que a natureza acorda
Como uma hora para outra
Vestindo-se de cores
Inundando de perfumes
Despertada pelo equinócio
Renasce do que parecia morte
Reveste-se de brotos
À procura de novos ares
Entretanto, o velho homem
Segue em descompasso
Ignora o solfejo
Estagnado no contrapasso
A natureza já não ouve
Os sentidos são outros
Cobertas as vistas
Tapados os ouvidos
Com as sensações adormecidas
Os sentimentos não sobrevivem
Quando da essência se perde
Quando consigo já não se depara
Carregado por interesses fabricados
Empurrado tal manada
Vendado já não se conduz
Aos poucos se deixa manejar
Até que um desafio o desperte
O inesperado o sacuda
Obrigue-o ao contato consigo mesmo
A retomar seu lugar na natureza