Fim
Na passiva decomposição
De toda matéria pulsante
Cativos gritos conservam-me
A fim da doce ausência
A tísica são eles
O sopro da vida
É um gás inflamável
Que irá de cremar o fajuto vivente
Tende-se a sempre piorar
Nas paredes, o cal e o veneno
A faca na mesa mata sua fome
Ceifando-lhe o pescoço
O freio forçado;
Não há tempo
Rompe-se a carne
O sangue é só mais um líquido
Para esse chão fervente
Onde a beleza é um mito
O reflexo envenena o sujeito
De pura vaidade promíscua
A razão não é racional
Não explica porque os vivos sofrem
Com um cálculo matemático
Estamos abaixo do fundo
Trabalhando a vida
Lucrando injustiças e apatias
E o mestre adormece
A rua sem saída
É tão perturbadora
Quanto o fim do livro
Do poeta sem obras
A pedra é inocente
Se alguém a joga
A mesma machuca
E não sente culpa da ferida exposta
No apedrejamento
Culpam mais a pedra
Do que as mãos que a jogam
Está é a menos culpada
O que é terreno
Permanecerá em terra
Na busca pela função
Que o maldito padrão definiu.