Em trânsito
Em São Paulo, 19 horas.
Da janela do meu carro
Vislumbro a lua cheia que sobe
Suprema no céu azul-cinza da minha cidade.
Em vão!
Todas as rádios dizem a mesma coisa.
A voz quadifônica da mulher ecoa suavemente
Pelo ar
Mas tudo o que ela diz se dissolve.
“Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala”
Isso tocava incessantemente na minha cabeça.
E eu conseguia visualizar você, quase sentia teu cheiro...
O trânsito fui lentamente e a lua me acompanha.
Por que quero tanto te colonizar?
Se é esse modo teu, meio selvagem, um tanto ingênuo,
Avoado, estabanado e sempre às pressas
O que tanto me encanta!
Ah, coração paulistano! Habituado a ordem das horas medidas
Acostumado ao caos ordenado do trânsito diário!
Quero em ti o mistério do não ser, do não ter...
Mas busco te medir com meus parâmetros e integrais.
O trânsito flui. E, em São Paulo
São quase 20 horas.
Eu estou no carro
E tu, onde estás?