Em trânsito

Em São Paulo, 19 horas.

Da janela do meu carro

Vislumbro a lua cheia que sobe

Suprema no céu azul-cinza da minha cidade.

Em vão!

Todas as rádios dizem a mesma coisa.

A voz quadifônica da mulher ecoa suavemente

Pelo ar

Mas tudo o que ela diz se dissolve.

“Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala”

Isso tocava incessantemente na minha cabeça.

E eu conseguia visualizar você, quase sentia teu cheiro...

O trânsito fui lentamente e a lua me acompanha.

Por que quero tanto te colonizar?

Se é esse modo teu, meio selvagem, um tanto ingênuo,

Avoado, estabanado e sempre às pressas

O que tanto me encanta!

Ah, coração paulistano! Habituado a ordem das horas medidas

Acostumado ao caos ordenado do trânsito diário!

Quero em ti o mistério do não ser, do não ter...

Mas busco te medir com meus parâmetros e integrais.

O trânsito flui. E, em São Paulo

São quase 20 horas.

Eu estou no carro

E tu, onde estás?

Fradicke M Coutinho
Enviado por Fradicke M Coutinho em 15/10/2017
Reeditado em 02/01/2018
Código do texto: T6143218
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