O óbvio
É auto extinguível
É previsível
Como uma cobra peçonhenta
Que sabemos onde está o rabo
Que sabemos onde está a cabeça
Que sabemos inclusive como matá-la
Mas com amor de verdade
Não se brinca
Ele pega fogo mesmo
Se alastra
A gente tem vontade
De se jogar pela janela
Quando as chamas alcançam
A alma da gente...
Lidar com o óbvio
É fácil.
A gente sempre sabe
Onde ele está.
É tão confortante!
É como a matemática
dos vetores
ou das portas
que abrem ou fecham...
Complicado é lidar
com a imprecisão dos ventos, dos astros
com as tempestades internas
e com essas coisas que a gente deseja demais...
O óbvio...é algo que quebra
e a gente consegue consertar
como uma tv que entra em curto
ou como um violino que perdeu uma corda
lidar com amor
é muito mais frágil
a gente nunca sabe se a chuva
vai molhar o semiárido
ou se apenas é uma ameaça
É bem mais confortável
ter o óbvio
É como termos as leis de Newton
Mas lidar com essas cargas explosivas
o tempo inteiro pela estrada...
A nos mostrar paisagens tão bonitas...
É bem mais confortável
Ter o óbvio.