Inquieta Timidez

Vejo
que o
Medo
Viciou em não me deixar reconhecível por mim
Me reprimindo,
Me reduzindo,
Me detraindo
Até um irrelevante não eu por fim.

A timidez me dá receio
De ser quem eu sou
Pelo julgamento alheio.
Mas, ao mesmo tempo,
Sei que não devo
sentir essa covardia,
Que, tristemente, às vezes,
arrasta o meu dia-a-dia
para um lugar instável
e precário
de liberdade
e da minha verdade.

Teimo em dizer:
O temor não é parte de mim.
Vem de fora para se adentrar assim
Como um penetra numa festa
que me faz sentir superior ou inferior aos outros
E por isso, eu devo expulsá-lo, mas como?
Argh
Como expulsar o pavor tão insistente decentemente?

Fito as nuvens.
Toco algodão.
Cheiro alfazema.
Conto meu dilema.
Elas acham graça
Da minha desgraça.
Em forma de coração,
uma nuvem me diz
Para eu me amar
Tal como aos meus semelhantes
e assim, esse medo irá me libertar
em instantes.

 

Comentário: Esse é um poema antigo de quando estava no fim da minha adolescência. Não fiz o poema tentando generalizar para todos os tímidos. Eu contei a minha experiência e sentimentos pessoais com a timidez. Bom, "Em instantes" não é bem tão rápido que eu a amenizei. Foi uma forma de eu sempre que eu sentia esse medo, eu lembrava no mesmo instante desse poema e de que não sou inferior aos outros o que de certa forma me ajudou. ´E um poema "terapêutico", se é que esse termo existe.

Beatriz Nahas
Enviado por Beatriz Nahas em 07/12/2017
Reeditado em 03/11/2022
Código do texto: T6192237
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