A caminhada

Eu ouço as vozes ruidosas nas ruas

Às vezes vazias, as vezes lotadas

A maioria insiste que diz alguma coisa

Mas para mim não significa nada

Eu não sei se o problema é meu

Ou se o problema é da madrugada

Que engole os sons produtivos

E faz todo o resto soar como piada

A culpa então... é da noite

Das milhares de falácias

Que reproduzimos todos os dias

Que ecoam pelas calçadas

Silenciosas de dia

Mas altas pela estrada

E nós animais noturnos

Absorvemos sem dar risada

O nicho dos pensamentos malditos

Estátuas vazias, mármore enviesado

Queria ser belo, mas é maltratado

Não se parece bonito, é meio engraçado

Uma reprodução perfeita de cada pedaço

De alguma coisa que eu senti hoje...

Eu vejo pessoas caminhando nas ruas

Às vezes bem nítido, as vezes borrado

A maioria insiste que existe alguma coisa

Eu continuo não vendo significado

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 13/12/2017
Código do texto: T6198218
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