CONTINGÊNCIAS
Nunca se sabe como será
O fim do dia
Até que dando vez a noite fria
Esgota-se a alvidez
Que para tudo havia.
A vida é medida
Contada em momentos
Que se perdem
Enquanto o que se ganha
Não leva-se por muito tempo.
E tudo acaba
A final de contas
Mas não para todos
De uma só vez.
Assim como a avenida
Se acabou diante dos meu olhos
Distraídos
Que se prendiam a cada veículo
Que por mim passara
Conduzido por alguém
Provido de toda pressa
De que o momento presente
Tenha seu desfecho
No sofá de casa após um banho quente
Ou no abraço apaixonado do filho
Após um dia perpétuo
Afinal, todo alguém tem alguém
Ou por quem.
Endago: quem será a mulher
Subindo a escadaria do metrô
E logo cedo embarcando no trem lotado
De outras tantas pessoas?
Quantos destinos este mesmo trem
Esta destinado a levar para o seu destino
D'outro lado da cidade
Para mais um dia vário
E de tudo possível
Se não fosse pela nossa pressa
Sedenta por olgo
Que ainda não foi inventado.
E oposto a essa vida de nuvens
Somente a lucidez tardia
De que o tempo não o espera
O tempo corre, passa
O abraça
E por fim lhe enterra - sem êxito.
Essa pressa demente
Mesma que faz-me
Querer distrair os tediosos instantes
Tentando adivinhar - e sem respostas
O dia de cada pessoa
Que por mim passara
Com os mesmos passos aligeros
Que levanto e ando
Em direção ao meu vagão
Consideravelmente atrasado.
E agora, em casa
Mais uma vez à fazer
Oque foi imprevisível pela manhã
Esqueço de viver
Este presente repentino e comum
Pensando em como queria
Que ele não tivesse fim
Mas enquanto não termina
Ele não acontece.