Tenho urgências intrínsecas.
Preciso chegar pontualmente.

Não tenho alegrias profundas
e nem tristezas intensas.

Tudo é morno.
É morna a ausência.
É tépido o abismo de
silêncios e carências afetivas.

Há milhões de insetos lá fora.
Há milhões de dúvidas aqui dentro.

Viver é tão perigoso como morrer.
Mas, morrer, ao menos,
é definitivo.
 
As exéquias.
O ataúde.
O culto a morte e a eternidade
sub-reptícia de nome na lápide.
E mensagem final.
 
Encriptados pensamentos
passam sem obter
tradução sólida.
 
Há devaneios.
Suspiros.
Esperanças borrascas
Que varrem as tempestades.
E, amontoam areias num canto da praia.
 
Há o murmurinho das ondas.
A acariciar e chibatar os pés.
Um gesto de carinho.
Um sorriso terno.

E, as palavras sedutoras
que ouço ou reverencio
são sempre alentos.
 
Finjo entender-me.
Mas, os paradoxos me conduzem à inequação.
sentimentos esbarram na razão.

E dormem comigo silenciosos,
na certeza de acordarem maduros
e prontos para sair do cais.
 
Quem precisa do mar para navegar?

Quem precisa de amparo, se a vida
é queda em movimento?

Não precisamos ver
Precisamos enxergar.

Não precisamos ser.
Precisamos ter essências.
Guardadas na alma.
Registradas no corpo.
E encriptadas no olhar.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 27/01/2018
Código do texto: T6237511
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