O TEMPO
Escorreu o tempo pelos nossos dedos
Deixando marcas e rugas indigestas
Destruindo as esperanças e os medos
E também as horas tristes e inquietas
Desfez a música e a lira dos aedos
E erigiu no seio das bocas abertas
Uma estátua coberta com segredos
Cujos braços apontam ruas desertas
Mas deixou ladrilhos reluzentes
Os quais brilharão na eternidade
Como os faróis erguidos na beira mar
Onde os crentes e os descrentes
Que formam junta a humanidade
Poderão com alegria sempre caminhar