Cotidiano

Meus sonhos de menino passaram

Presságios desmatam

Minha mata de amores imortais

Em almanaques procuro

Uma função neste mundo

Impuro

Não há timebook para o café

Espantar mosquitos com riso

Abençoar os malandros

Só isso

Sô isso

Minha namorada não me dá bom dia

Relações eremitas

Enojam-me

Recordo da estação de rádio

De nossa música

Itinerário nosso

de cada dia

Pra recolher agonia

Só com degraus e poesia

Enquanto descarrego

Pensando na gorjeta

Canto em alarde

O refrão de "Cálice"

Como pensar no presente

Meu futuro me cutuca

Estilhaça

Dá cascudo

"Estuda vagabundo"

É o que mais escuto

Mas é demais pra mim

Esses dias tão medíocres

Retirando leite de pedra

Ajoelhando e tossindo

Soltando lágrimas e rindo

É que percebo

Se a vida faz tanto sentido

Pra onde estamos todos indo?