Susan Rainbow

Susan Rainbow caminha pela passarela da minha casa,

Sobre tijolo por tijolo, parecendo contar.

Eu finjo não entender nada,

E nunca ouso perguntar.

Susan Rainbow parece me perseguir

Com seu olhar distante para o canto.

Eu finjo não saber o que eles insistem em seguir,

Mas, com certeza, já não é da minha conta,

Não posso ficar perguntando.

Susan de vez em quando se veste como uma princesa

Pronta para ser levada a um suposto iminente altar.

Mas logo ela vai ao subúrbio e, com certeza,

Não há nenhum trono lá.

E em vez de brincar de rainha,

Ela brinca com os gatos dos telhados.

E quando faz chuva, a vejo mais estranha ainda:

Ela dança na lama, chama até os ratos.

Susan Rainbow um dia pediu um chá,

E impacientemente olhou de novo para o canto.

Mas em poucos segundos me lançou um olhar

Me convidando ao seu mundo de espanto.

Não soube o que dizer, não soube recusar,

E ela me assistiu até a fumaça da xícara me desfocar.

E eu lá soube o que falar.

Dizem que Susan não sabe contar,

Mas ela desenha os números nas estrelas.

Ela não sabe ler, mas sabe recitar,

Com palavras cheias de emoção e beleza.

Ela não entende de gramática,

Mas sabe por prática

Soletrar seus sentimentos, com precisão e firmeza.

Ela não entende de razão,

Mas conhece todo o caminho do coração

E tal conhecimento, para ela, já é a maior riqueza.

Susan Rainbow me chama no espelho

Como um esquecido amigo já sem intimidade.

Mas eu coloco meu terno, e logo a esqueço,

E finjo que não tenho nenhuma proximidade

Vinicius Salles
Enviado por Vinicius Salles em 09/04/2018
Código do texto: T6303455
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