Susan Rainbow
Susan Rainbow caminha pela passarela da minha casa,
Sobre tijolo por tijolo, parecendo contar.
Eu finjo não entender nada,
E nunca ouso perguntar.
Susan Rainbow parece me perseguir
Com seu olhar distante para o canto.
Eu finjo não saber o que eles insistem em seguir,
Mas, com certeza, já não é da minha conta,
Não posso ficar perguntando.
Susan de vez em quando se veste como uma princesa
Pronta para ser levada a um suposto iminente altar.
Mas logo ela vai ao subúrbio e, com certeza,
Não há nenhum trono lá.
E em vez de brincar de rainha,
Ela brinca com os gatos dos telhados.
E quando faz chuva, a vejo mais estranha ainda:
Ela dança na lama, chama até os ratos.
Susan Rainbow um dia pediu um chá,
E impacientemente olhou de novo para o canto.
Mas em poucos segundos me lançou um olhar
Me convidando ao seu mundo de espanto.
Não soube o que dizer, não soube recusar,
E ela me assistiu até a fumaça da xícara me desfocar.
E eu lá soube o que falar.
Dizem que Susan não sabe contar,
Mas ela desenha os números nas estrelas.
Ela não sabe ler, mas sabe recitar,
Com palavras cheias de emoção e beleza.
Ela não entende de gramática,
Mas sabe por prática
Soletrar seus sentimentos, com precisão e firmeza.
Ela não entende de razão,
Mas conhece todo o caminho do coração
E tal conhecimento, para ela, já é a maior riqueza.
Susan Rainbow me chama no espelho
Como um esquecido amigo já sem intimidade.
Mas eu coloco meu terno, e logo a esqueço,
E finjo que não tenho nenhuma proximidade