Viajante do tempo

Sou um viajante do tempo:

Um pé no futuro e outro no passado.

Acompanhei tanto a minha morte quanto meu nascimento,

E desde então venho repetindo o mesmo ato.

Vai vindo os dias

Em suas pequenas fatias,

Carregando um pouco do meu futuro.

E, por vez, o amanhã vem vindo

Sem abrir espaço ou caminho

De conceder ao passado o devido luto.

Não sinto angústia no que faço;

Meu coração é patrimônio do passado.

Mas me preocupo com o que pode haver

Antes mesmo de acontecer,

Pois minha mente vive num futuro desacertado.

É pensando em outrora

Que esqueço da hora,

De tal forma esqueço o futuro.

Pensar no que poderia ser feito,

Idealizar um amanhã de deleito

Sem saber se será realmente isso tudo.

E é nessa insegurança que se cria

Uma misteriosa energia

Que me lança à prisão na minha mente.

E ali rumino tudo o que me tirou alegria,

E logo me pego nessa mania

Pensando em como seria diferente.

Eu sou um viajante do tempo,

Escravizado pelo meu passado e futuro.

Esqueço-me de todo atual momento

Esperando um amanhã, inseguro.

E quanto ao porquê eu esqueço a hora,

É porque dela eu já não lembro.

Desconheço o que realmente é real, o aqui e o agora.

Eu troco tudo por uma máquina do tempo.

E é com um pé no passado e outro no futuro

Que esqueci que não estava vivendo.

E agora vou procurando aceitar só seguir o meu curso

Em meio ao espaço-tempo.

Vinicius Salles
Enviado por Vinicius Salles em 09/04/2018
Código do texto: T6303456
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