Em nome do cristo

As cruzadas, a fé armada

e a santa inquisição.

Será por essa razão,

que não há um só anjo afrodescendente,

no firmamento?

Cristo está em minúsculo,

no título desse poema

e isso porque,

letra maiúscula somente para nome próprio

e essas coisas não são próprias de Deus.

Religião é um assunto muito delicado,

mas religiosidade é um tema a parte

e ela está nas nossas ações,

nos nossos perdões,

nos paredões de fuzilamento,

nos templos, nos ventos, do leste e do sul.

Nas fontes e cachoeiras,

por onde passeiam as entidades e

onde os cristãos promovem o batismo.

Está no lirismo da compreensão

e na aflição de quem foi,

é ou será,

queimado nas fogueiras da rejeição.

Besteira condenar alguém pela sua cor,

pela diferença na questão do sabor

ou por crer que saiba mais,

quando pode ser tarde demais,

para se arrepender.

Certo ou errado,

quem é que pode saber?

Feio ou bonito,

está na forma de como se vê

e de como algo ou alguém é visto.

Jesus Cristo tem vários nomes,

assim como todo artista

e qual é o mais bonito?

Qual é o mais afeito ao seu jeito de ser?

Uma vez que quem mais importa é você,

isso é importante se estabelecer,

para assim ver se você será aceito

ou não,

mas muito cuidado com que você vai responder,

pois Ele poderá estar no candomblé

ou ser uma mulher.

Poderá estar numa tribo,

montado num cavalo, sem estribos

e flechar você,

antes que você novamente o acerte,

com o seu rifle de preconceitos.

Arrogância, ganância,

inteligência, negligência,

razão ou sabedoria?

Pode ser aquele sujeito da sua rua,

o mais antipático,

porque simplesmente não é como você.

Não foi dito aqui que religião é um tema delicado?

Pois é.

O ser humano também é.

São várias células, várias panelas

e muitos pratos.

Do feijão ao macarrão,

ferro e carboidrato,

também saladas, temperadas ou não.

Comidas preparadas sem sal para os hipertensos

ou com muito sal para os mais imprudentes,

mas o mais importante é o respeito,

à situação e à opinião de cada um.

O meu irmão não trabalha aos sábados.

Tudo bem.

Isso é o que prega a sua religião.

O que mais importa é que o trabalho seja decente

e se estar contente com isso.

Ter um bicho de pé

e nunca um bicho no seu pé.

Isso disse José,

mas não era o José carpinteiro.

Esse era pedreiro e obreiro nas horas vagas,

de alguma igreja, que eu não perguntei qual era,

uma vez que a primavera,

se preocupa em produzir suas flores

e espalhar seus aromas,

deixando para o outono,

a sua missão com as frutas,

para as putas, madames, soldados

e exilados,

sem nenhuma distinção.

E antes que me esqueça:

perdão pela simplicidade,

de verdade.