O sono não foi reparador,
a noite não foi das melhores
mas, tenho a imensidão abissal
alegrando minhas retinas.

Tudo que coube em meus versos,
foi o brilho do sol ao amanhecer,
que, sobre a pele d’água carinhosamente
tremula e me embevece tamanha beleza.

Vejo um mar que não se cansa de crescer,
caminho ouvindo o belo rumor das ondas,
a canção das águas serve-me de alento
para meu momento.

Caminho e penso no deficiente visual
privado de tal beleza,
no paraplégico que na areia não pode pisar,
nos velhinhos que já não podem caminhar,
e naqueles que não têm um mar para olhar...

E eu, sadia, inteira, a reclamar
da noite insone. Perdoa-me Senhor!
Obrigada por poder caminhar, olhar este mar.
pisar nesse chão e sentir a energia da terra.
Tantos gostariam de o mesmo fazer,
e privados estão!

Uma noite insone não me traz danos.
Impactante é ser privado da luz, da mobilidade,
viver à mercê das limitações
e não sentir-se infeliz!