LIBERDADE
Não, não sou livre
Não sou livre porque sou mulher
Não sou livre porque me ensinaram
a aprisionar minhas vontades
e a abdicar de sentimentos
para agradável aos olhos parecer.
Não, não sou livre
Não sou livre porque aprendi
que o nervosismo é porque eu provoquei,
que o maltratar é porque eu mereci
e a traição é porque não servi.
Não sou livre porque a liberdade é insana
é impura, é vulgar, é puta.
Não sou livre porque aprisionada estou
na ideia do que deveria ser,
na sentença do que deveria fazer.
Não sou livre porque acredito em definições prontas
de quem não enxerga o real valor do outro.
Não sou livre porque me deixo definir pelo que me dizem
e permito que minhas mãos tremam diante de uma ameaça,
sem perceber o mal que já me fazem.
Mas eu posso ouvir o barulho das correntes
Cujo barulho tanto me afligiram
e que hoje gritam ao quebrar-se,
pois eu sou aquilo que escolho
e não as características que me atribuíram.